Friday, March 29

Eu quis ser sozinha um pouco, aprender a ser independente como a solidão. Ter uma vida sem muitos amores, querendo ter uma alma sem canção. Ouvia apenas os passos da dor ao tentar se aproximar. Ela foi mais forte, não pude evitar. Quis ser um gelo pra nunca mais ter que me render. Mas qualquer toque teu faz o meu eu derreter. Tentei ser dura e forte como uma rocha. Mas nada disso adiantou, pois eu mesmo sem querer sou uma rosa. Eu quis sumir pra não ser mais encontrada, fiquei um tempo perdida tentando achar uma nova morada. Por muito tempo deixei a solidão me dominar. E ela não era boba nem nada, no meu coração quis se abrigar. Até que certo dia vi um moço sentado no banco da praça, um pouco triste e desanimado com a cabeça baixa. Resolvi me aproximar e tentar entender por que tanta tristeza no ar. Sentei ao seu lado, não disse nada, seu olhar triste dizia tudo: Era como eu. Um perdido, um cansado de procurar um abrigo pra sua alma descansar. Pedi que me contasse a sua história, e olha que maravilha, era praticamente igual a minha! Conversamos por um longo tempo até que vi uma lagrima cair. Logo em seguida me abraçou e disse que por muito tempo não conseguia sorrir. Me pediu então que eu segurasse a sua mão pra que assim pudéssemos seguir felizes juntos, e finalmente dar adeus a solidão.
 
— Perceptível.