Eu
quis ser sozinha um pouco, aprender a ser independente como a solidão.
Ter uma vida sem muitos amores, querendo ter uma alma sem canção. Ouvia
apenas os passos da dor ao tentar se aproximar. Ela foi mais forte, não
pude evitar. Quis ser um gelo pra nunca mais ter que me render. Mas
qualquer toque teu faz o meu eu derreter. Tentei ser dura e forte como
uma rocha. Mas nada disso adiantou, pois eu mesmo sem querer sou uma
rosa. Eu quis sumir pra não ser mais encontrada, fiquei um tempo perdida
tentando achar uma nova morada. Por muito tempo deixei a solidão me
dominar. E ela não era boba nem nada, no meu coração quis se abrigar.
Até que certo dia vi um moço sentado no banco da praça, um pouco triste e
desanimado com a cabeça baixa. Resolvi me aproximar e tentar entender
por que tanta tristeza no ar. Sentei ao seu lado, não disse nada, seu
olhar triste dizia tudo: Era como eu. Um perdido, um cansado de procurar
um abrigo pra sua alma descansar. Pedi que me contasse a sua história, e
olha que maravilha, era praticamente igual a minha! Conversamos por um
longo tempo até que vi uma lagrima cair. Logo em seguida me abraçou e
disse que por muito tempo não conseguia sorrir. Me pediu então que eu
segurasse a sua mão pra que assim pudéssemos seguir felizes juntos, e
finalmente dar adeus a solidão.
— Perceptível.