“Você sentirá saudade da sua infância, dos tempos
despreocupados e daqueles momentos em que você foi feliz e não
aproveitou. Você irá sentir falta do que já foi e não volta mais;
maldito defeito do tempo. E você irá sentir mais falta ainda daqueles
que já esqueceram o seu rosto. Dói. E dói mesmo, como se não houvesse
mais o que doer. Machuca saber que existe quem não lembra mais de você
(justamente aqueles que você mais queria que lembrassem). Machuca
relembrar momentos que ficaram apenas na mente e no coração. Dói ao
ouvir uma música tocada sem querer, um perfume exalado no ar por onde
você estava passando, ver fotografias de rostos que, talvez, você tenha
demorado muito para tentar (e conseguir) esquecer. É inevitável não nos
lembrarmos de algum instante, de algum detalhe, de algum nome, de alguma
sombra. E isso também machuca, muito. Mas eu sei que você, todas as
noites, se deita pensando em alguém especial. Não importa quem seja,
como seja. É alguém que você queria que estivesse ao seu lado quando não
está, é alguém que deixa saudade mesmo presente. E, acima de tudo, é um
alguém que coloca um sorriso em seu rosto, o ilumina, alegra seu dia. E
é nesse instante que esse alguém te diz, mesmo em mente, que a saudade
nunca se vai por inteira, que as recordações são, sim, para a vida
inteira e, com o tempo, você aprenderá a conviver com elas. Não
importando se sejam lembranças boas, recordações ruins ou detalhes
esquecidos; o seu agora é a lembrança de depois, faça-a valer a pena.” Eduardo Grotmann