Outro dia desses eu estava no telefone
com uma amiga, contei a nossa história, disse a falta que você faz na
minha vida, em como eu não consigo achar graça ou gostar de outros
caras. Sabe o que ela me disse? Que tudo passa. Não existe nada mais
clichê, vago e antiguado do que “vai passar”, porque não vai. Vai passar
o que? Amor passa? Mandei ela pro inferno e ela nunca mais me ligou,
tadinha. Hoje mesmo passei em uma padaria pertinho daqui de casa pra
comprar pão e lembrei do dia em que você fez café e me trouxe na cama.
Como eu posso te esquecer se te vejo até na padaria, no cachorro do
outro lado da rua? Será que se você soubesse da minha luta diária, do
tanto que eu te lembro, você voltaria? Têm sido dias vazios, em grande
parte deles a vontade de te ligar e dizer coisas doces me domina. Por
falar nisso, como eu queria te ligar agora… Mas não. É tão fácil quando
me perguntam como estou, dizer que tá tudo bem com um sorriso hipócrita
no rosto, fingir é tão fácil, ninguém percebe. Na verdade eu sou feliz.
Sou feliz demais. Até o momento que eu saio pela porta e te lembro. Mas
vai passar, né? Não é o que todo mundo diz? Essa vontade de ter ligar,
olhar sua foto, checar seu estado civil em todas as suas redes sociais
ou matar a vadia que te mandou um recado de “saudade” no facebook. Tenho
mantido uma certa distância de todos os caras. Eles não fazem meu
coração palpitar, não me tiram o ar, não me dão as borboletas de merda
no estômago, não me fazem sentir essa vontade desesperadora de estar
junto, de estar perto. Só sinto desejo, que passa em questão de minutos.
Porque eu sou sua e sempre vou ser. É normal, não é? Não? Mas passa,
até você passou. Até você foi embora, dia desses veio aqui e buscou tudo
o que lhe pertencia. Só esqueceu de mim. - Sixthell