Eu me jogo no chão de tanta dor. Lembrando como
era lindo dividir nossas músicas que sempre viravam hits para nossas
impossibilidades. E como era lindo iluminar o escuro dos esconderijos
com os seus olhos. E então te amo de novo, infinitamente, quase sem ar. E
depois isso passa. Depois te esqueço. Como já esqueci tantas vezes. E
você não é mais ninguém como de fato já não é há muito tempo. Mas
preciso de mais. E então me recordo mais uma vez dele e seu sorriso
congelado. Nenhuma pedra minha sequer arranhou sua pintura perfeita. A
imagem é sempre dele indo embora com a roupa cheirosa, o topete
impecável, os dentes fortes e a vida ajeitada. E de eu ficando pra trás
rasgada, suja, cuspindo sangue e sentindo uma falta absurda de alguns
motivos para viver que ele roubou para se abastecer.
Tati Bernardi.